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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

...e assim se passaram 30 anos!

Decom comemora três décadas de
Jornalismo na UFPB com palestras




foto:
Dalmo Oliveira
















Zé Carlos, Jô Vital, Derval, Alessandra e Suetoni




Excelente iniciativa do DecomTur em promover um evento acadêmico dentro das comemorações dos 30 anos de fundação do curso de Jornalismo da UFPB. Achei pouco para a simbologia da data, mas ao menos não passou em branco. Nesta quarta-feira, dia 5, uma boa platéia de acadêmicos pode ouvir um pouco das experiências laborais de quatro profissionais consagrados da mídia local: Alessandra Torres (TV Correio), Suetoni Souto Maior (JPB), Jô Vital (TV Cabo Branco) e José Carlos dos Anjos Wallach (Jornal Correio).


Torres formou em 94, foi da turma pioneira da TV Tambaú, quando ainda era afiliada da Rede Manchete. Ela reconhece que o mercado da PB tem limitações de vagas e salariais. A blondy do Jornal da Correio (2ª edição) participou recentemente de reunião na matriz em São Paulo. Os chefes paulistas queriam saber qual a “mágica” que fez disparar o índice de preferência nos horários dos programas jornalísticos da emissora do Dr. Roberto Cavalcanti.

Ela acha que as críticas vêm à medida que aumenta o sucesso, mas defende que o jornalismo tem que se manter ético. Alessandra fala numa “cadeia de progresso” proporcionando a qualidade dos novos jornalistas. Ela se considera da “geração TV” que assolou o Decom por muito tempo e reconhece os talentos isolados de jornalistas que não passaram pelos bancos da Escola de Jornalismo no Castelo Branco. Compara os jornalistas sem diploma aos rábulas do Direito. A apresentadora diz ainda que é impossível fazer telejornalismo sem equipe.

Jô Vital formou-se no Decom em 92. Ela é Editora de Rede da afiliada da Globo há mais de 10 anos. Lembra que brigou como membro do Centro Acadêmico pela ocupação das redações pelos egressos do curso. Ela acha que a Academia forma “profissionais mais completos”, com cultura vasta e rica e visão ampliada da realidade. “No Jornal Nacional você precisa contar uma história em um minuto e dez, no máximo”, avisa a editora. Vital acha que as deficiências dos jornalistas que saem do Decom são problemas anteriores ao ingresso na universidade. “Má formação no ensino fundamental”, aponta a jornalista.
Ela acha que na atualidade o maior problema é que os repórteres têm medo de perguntar. “Estão despreparados para perguntar o essencial na matéria”, diagnostica. Jô lembra que os jornalistas de TV têm o “ego” maior que os demais jornalistas. “Eles têm certeza que são Deus!”, brinca a editora. O fato é que os novos repórteres não aprenderam a contar histórias para a TV. “Eles são escravos dos editores, não brigam para contar suas próprias histórias”, avalia. Ela comparou o trabalho dos jornalistas ao carregador de pedras, citando a lenda de Sísifo.

Já Suetoni Souto Maior (chefe de reportagem do JPB), formou no Decom em 98. Ele alertou para o problema do estágio, principalmente nos portais de notícias. O jornalista defendeu a inserção de disciplinas para o reforço das matemáticas e afins na grade curricular da formação em Jornalismo, assim como noções de Direito e outras especialidades, no sentido de melhorar o desempenho dos novos jornalistas na cobertura de notícias que exigem cálculos, estatística etc.

O último facilitador convidado a falar foi Zé Carlos dos Anjos (secretário de redação do Jornal Correio). Ele formou em 91, mas já atuava na imprensa paraibana por influência do pai, Fernando Wallach, com quem trabalhei em O Norte até 94. Dos Anjos defende a idéia de que o curso precisa possibilitar aos alunos “momentos de prática de redação”. Ele lembrou de quando fizemos a disciplina de “Jornal Laboratório” e o “Nariz de Cera” (ou era “Questão de Ordem”?), ficou enganchado na Gráfica Universitária e “nunca saiu”, lamenta o jornalista. Ele acha que os “focas” têm dificuldade de “dar ritmo” à produção diária. Acusa uma certa falta de intimidade com a regra do lead.

Para Zé Carlos, no passado havia um certo romantismo na prática jornalística, que foi se perdendo ao longo do tempo. Ele falou do preconceito dos jornalistas do “batente” em relação aos focas do Decom. Para Wallach, jornalista é uma denominação genérica. “O repórter é que é a pérola do jornalismo”, filosofa. O atrelamento (dependência) dos repórteres à pauta também foi criticado por Zé Carlos.

A questão da "cultura da violência" como pauta constante na mídia local foi abordada por alguns estudantes De um modo geral, os convidados se saíram bem. O consenso é que o jornalismo que se quer deve ser cultivado nas faculdades. Além disso a audiência fez intervenções interessantes, como a crítica ao curso “caça-níqueis” de curtíssima duração oferecido pelo Cefet, em pareceria com o Sindicato dos Radialistas. Os alunos também quiseram saber qual o melhor caminho para se dar bem no mercado e aquilo que não pode faltar no jornalista moderno. Houve também questionamentos sobre a reforma universitária que pretende ampliar o número de alunos em salas de aula nas universidades. O professor Derval Gólzio, mediador da mesa, defendeu a reforma, considerando que nas principais escolas de países centrais o número de estudantes pode chegar até 60 por sala.


Minha intervenção abordou a questão de se entender o jornalismo como principal ferramenta de promoção da cidadania e é nisso que os cursos superiores devem investir principalmente, em formar jornalistas, antes de tudo, cidadãos. Avaliei ainda o distanciamento do Sindicato dos Jornalistas com Decom e a falta de oportunidades de reciclagem e retorno dos veteranos àquela escola. Informamos a proximidade das eleições pro Sindicato dos Jornalistas e da campanha que Novos Rumos deflagrou em relação ao problema do assédio moral nas redações.

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