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sexta-feira, 14 de setembro de 2007

PODER DAS REDAÇÕES - Manifesto aos jornalistas profissionais paraibanos


Há muito tempo a sociedade foi convencida de que aqueles que fazem a imprensa representam o chamado “Quarto poder”. De fato, é crescente a influência do jornalismo no modelo atual de sociedade. Mas o poder da imprensa não deve ser confundido com o poder dos trabalhadores da mídia. Enquanto as empresas de comunicação exercem uma interferência crescente na vida dos cidadãos, os jornalistas, enquanto trabalhadores desse setor, estamos cada vez mais impotentes em determinar os rumos da sociedade e até mesmo a direção de suas vidas profissionais.

É a partir desse entendimento que surge no seio da nossa categoria um movimento de jornalistas profissionais disposto a resgatar e promover o verdadeiro e legítimo PODER DAS REDAÇÕES.

Inicialmente é preciso deixar bem claro qual nosso conceito de “redação”. Com o avanço tecnológico e o crescimento da abertura de postos de trabalho para jornalistas em locais diferenciados aos das redações tradicionais (em jornais, revistas, rádios e tv’s), a idéia de redação foi ampliada fundamentalmente para qualquer estrutura onde haja um ou mais jornalistas trabalhando. Hoje encontramos redações nos sites (portais), nas agências de comunicação e de notícias, nas assessorias de imprensa (onde atualmente é absorvida a maioria dos jornalistas) e ainda nas redações virtuais (escritórios caseiros), onde atuam os profissionais que trabalham por conta própria (free-lancers, pessoas jurídicas etc).

O PODER DAS REDAÇÕES, portanto, está pulverizado e adormecido, sendo preciso novamente despertá-lo e organizá-lo. Nem mesmo nas redações tradicionais é possível perceber a força e o potencial da organização do trabalho dos jornalistas. Estamos desarticulados e com nossa auto-estima em baixa.

Distante e esquecida está a última demonstração de força desta categoria, quando em 1989 realizou sua última e contundente mobilização trabalhadora, mostrando à sociedade paraibana o desrespeito com que o patronato costumava nos tratar.

O comportamento dos empresários da comunicação no Estado mudou muito pouco nesses quase 20 anos. Em algumas situações até piorou. Por outro lado os jornalistas foram aos poucos abandonando sua organização de classe.

A crise do modelo sindical que assolou as organizações representativas dos trabalhadores nos últimos anos foi um fator decisivo para alimentar este esvaziamento nas lutas sindicais, mas não é sua única causa. Na Paraíba, particularmente, a gestão anacrônica e caduca do sindicato dos jornalistas foi um dos motivos desse esvaziamento, mas não sua única causa.

O enfraquecimento do poder dos jornalistas, como parte da classe trabalhadora, se deu também por motivos mais sutis e menos perceptíveis. A saturação do mercado de trabalho é um desses motivos. Com a oferta crescente de mão-de-obra qualificada, lançada a cada ano pelos cursos superiores de jornalismo (na Paraíba já são três), o minúsculo e anêmico mercado paraibano se viu superabastecido de profissionais prontos a disputar as parcas vagas existentes. Essa realidade teve uma relação direta com a política de baixos salários praticada pelos empregadores. Salários defasados e aviltados mais mercado inexpressivo formaram a combinação nefasta para que no seio da nossa categoria grassasse a competição desleal e anti-ética e o individualismo inviabilizando qualquer tentativa de reforço do corporativismo jornalista.

Nesse período o sindicato viu minguar o número de profissionais novatos e de jornalistas recém-formados dispostos a assinarem a ficha de filiação. Tudo isso teve uma conseqüência imediata também na formação sindical de novas lideranças, condenando a entidade ao comando perpétuo de sindicalistas “profissionais”, na sua grande maioria jornalistas afastados do cotidiano das redações e, portanto, das reais demandas dos filiados.

Devolver o poder às redações hoje significa, portanto, reconectar o elo perdido entre os jornalistas profissionais e a entidade sindical que os representa. Poder às redações é rearticular os laços de solidariedade e os interesses comuns dos trabalhadores do jornalismo paraibano, despertando em cada um a estima e o orgulho de pertencer a um grupo social que tem a nobre (e difícil) missão de mostrar à sociedade suas glórias e mazelas.

Renovar o poder dos profissionais do jornalismo paraibano é mostrar-lhes as reais possibilidades do resgate de sua dignidade como trabalhador e cidadão. O PODER DAS REDAÇÕES vai restabelecer o papel de protagonismo, aglutinador, representativo e de liderança do nosso sindicato junto à categoria, aos movimentos sociais e à sociedade paraibana.

Por isso estamos aqui, companheira e companheiro jornalista, convocando você a também fazer parte dessa história; desse movimento, dessa nova caminha e dessa luta. Para devolver aos trabalhadores o poder que deles jamais deveria ter sido roubado.

Mobilize-se no seu local de trabalho, filie-se, reivindique, discuta, critique. Venha conosco construir um sindicato forte e de luta!



O QUE QUEREMOS:

* Representantes de TODAS as redações na Diretoria do Sindicato;
* Modernização e democratização do estatuto;
* Gestão colegiada (fim do presidencialismo sindical);
* Campanha de filiação permanente;
* Veículos de comunicação sindical;
* Formação sindical para novas lideranças;
* Reciclagem profissional periódica;
* Administração, ágil, moderna e transparente;
* Elevação dos pisos-salariais;
* Fiscalização da carga-horária de trabalho;
* Direito autoral assegurado;
* Melhores condições de trabalho nas redações;
* Democratização da comunicação

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