Vários comunicadores fizeram relatos de ameaças |
Censura,
assédios e violência física e moral. Esses são alguns dos principais problemas
enfrentados por comunicadores paraibanos no cotidiano de suas atividades
profissionais. A constatação foi feita pelos participantes de uma reunião
ocorrida na tarde desta sexta, 20, no auditório da Associação Paraibana de
Imprensa (API), em João Pessoa. Os participantes decidiram, ao final do evento,
criar um fórum permanente para discutir esses outros problemas que afligem
categorias de trabalhadores da comunicação, como jornalistas, radialistas,
blogueiros e midialivristas.
Comunicadores que atuam em pequenos meios de comunicação são mais vulneráveis |
Carioca,
que atua no radiojornalismo e em blogues na região do Conde, contou, por
exemplo, que teve recentemente sua casa alvejada por armas de fogo por conta de
sua atuação profissional em Jacumã e outras localidades do litoral sul.
Outro
comunicador contou que costuma ser ameaçado por pessoas ligadas à assessoria de
comunicação da Prefeitura do Conde. Diz que um assessor vive ameaçando tomar
providências para que o Ministério das Comunicações cancele a concessão pública
da rádio comunitária Jacumã FM, onde ele atua. “A gestão tenta primeiro nos
comprar, quando não consegue começam as intimidações”, diz o radialista
comunitário.
Para o
blogueiro Dércio Alcântara, os comunicadores populares e comunitários estão
desprotegidos porque não possuem uma entidade que os represente. Ele propõem
que a API altere seu estatuto para abrigar essas novas modalidades de
comunicadores em seu quadro de associados.
Criação de fórum deverá envolver também autoridades constituídas |
Marcela Sitônio disse que vai propor
uma nova reunião com outras entidades para discutir os encaminhamentos da
reunião. “Vamos convocar os sindicatos das categorias afins, como jornalistas e
radialistas e entidades governamentais e não-governamentais, como OAB,
Ministérios Públicos, Secretaria de Segurança Pública, comissões de direitos
humanos e outras a fim de ampliarmos a discussão e buscarmos soluções em
conjunto”, garantiu a jornalista.
Outra
decisão da reunião foi que a API envie ofício à Secretaria de Segurança Pública
e Defesa Social do Estado solicitando audiência com o titular Cláudio Lima para
pedir informações sobre o caso da execução do radialista Ivanildo Viana,
assassinado há algumas semanas, cuja motivação ainda permanece uma incógnita.
“Além
da violência física, nos preocupa a violência simbólica e cognitiva contra os
profissionais da mídia local, como o desrespeito de autoridades constituídas
aos profissionais no exercício de sua profissão, como o que ocorreu recentemente
na Assembleia Legislativa. A judicialização contra a liberdade de expressão tem
se configurado como um novo tipo de censura aos comunicadores sociais e isso é
muito ruim para a garantia ao direito à comunicação que a sociedade precisa ter”,
comenta o jornalista Dalmo Oliveira, do Coletivo Novos Rumos.
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