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terça-feira, 17 de novembro de 2020

ENCURRALADOS | Segundo turno reflete opção pelo fisiologismo político dos pessoenses

Vista aérea da praia do Cabo Branco com Altiplano ao fundo 
 fonte: hwww.passagenspromo.com.br/blog

















Para os que consideram a política partidária algo enganoso, autoritário e dispensável, o resultado das eleições em primeiro turno na capital paraibana demonstra que não estão de todo equivocados. Daqui há 15 dias, quem tiver coragem, vai ter que voltar às urnas para escolher uma das piores opções disponíveis no mercado eleitoral para governar João Pessoa nos próximos quatro anos.



De um lado, Cícero Lucena (que esse ano achou de concorrer pelo Progressistas) e obteve quase 21% dos votos neste domingo. No outro lado do “ringue”, o neófito radialista Nilvan Ferreira, que veste a camisa do glorioso MDB, e obteve quase 17% dos votos.


Lucena, herdeiro de um dos últimos grandes nomes nacionais da Paraíba, Humberto Lucena, já governou a cidade (de 1997 a 2004), foi vice-governador e governador (1990 a 1994), senador (como o tio ilustre).


Segundo o blog do jornalista Marcelo José, ele respondeu processos, sendo absolvido, quando de sua passagem pelo Paço Municipal, ao ser investigado por supostas irregularidades em um contrato feito entre a Prefeitura de João Pessoa e a Embratur. Mesmo assim, Lucena continuou com problemas no TCU e respondeu por, pelo menos, dez ações de improbidade administrativa junto à Justiça Federal movida pelo MPF.

Fisiológico ao extremo, é cria do antigo MDB, depois aderiu ao racha que originou o PSDB e agora alugou seu “passe” para o PP, que, na Paraíba, é dominado pelos Velloso Borges, tendo à frente o ex-ministro, deputado federal, Aguinaldinho, que é irmão da senadora Daniella Ribeiro.


O currículo de Nilvan Ferreira é bem mais tímido e por isso mesmo ele leva mais desvantagens nessa disputa (ou não...), pela absoluta falta de experiência administrativa. Devendo-se citar, apenas, que ele foi assessor prestigiado na desastrosa administração de seu colega radialista (já falecido) Jota Júnior, na cidade de Bayeux.


Ambicioso e falastrão, Ferreira tem sua origem política também no sertão paraibano, em Cajazeiras, aonde desenvolveu sua lida profissional e foi presidente (creia!) do diretório municipal do PCdoB.


Comunista arrependido, o radialista, que é apadrinhado pelo ex-governador Zé Maranhão, tem como candidato a vice-prefeito Eduardo Milanez, major do EB (na ativa). Por esse e outros motivos, tornou-se, de longe, o candidato-dos-olhos do bolsonarismo na capital paraibana.


Apresentador de programas policialescos na TV local, Nilvan possui uma atração peculiar pela baixaria televisiva, adora mostrar “cenas fortes” das periferias de João Pessoa, explorando as condições de miserabilidade da gente mais desfavorecida e é, indisfarçavelmente, homofóbico e misógino.


Em 2017, segundo o jornalista Rubens Nóbrega, se viu envolvido numa denúncia de interceptação e venda de produtos falsificados de grifes famosas, sendo alvo de uma operação policial chamada de “Operação Vitrine” em loja que mantinha num dos shoppings da cidade.

Entre a cruz…

É entre esses dois senhores “de bens” que os eleitores e eleitoras de João Pessoa estão submetidos para uma escolha “democrática” no segundo turno. A capital paraibana se afasta, assim, de um ciclo de gestões mais sintonizadas com a cidadania popular e uma governança baseada em desenvolvimento de políticas públicas, haja vista que o atual prefeito Luciano Cartaxo (PV) teve seu primeiro mandato quando ainda ostentava a estrelinha vermelha na lapela.


Uma cidade que experimentou um período impressionante de desenvolvimento urbanístico e social nas gestões do socialista Ricardo Coutinho (agora vítima de uma ardilosa manobra de lawfare).


Caminhamos em direção a uma encruzilhada com opções de caminhos tortuosos: a volta dos “mortos-vivos” e a consagração de um aventureiro inepto, admirador de um modelo político que empurra o país para um fosso sombrio.














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