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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Diários Associados inicia sepultamento de seus impressos

Dalmo e Jonilda Bonfim: ex-repórteres
de O NORTE (foto: Ovídio Carvalho)

Hoje circulou a derradeira edição impressa dos jornais O NORTE e Diário da Borborema, os matutinos dos Diários Associados na Paraíba. O fechamento pegou de surpresa até os editores locais e encerra, de forma melancólica, a lenta agonia de duas empresas jornalísticas que, com seus jornais, documentaram o último século da vida pública paraibana.

Para muitos, o fechamento dos jornais na Paraíba são apenas reflexos de uma tendência mundial, que já fez cerrar as portas de jornalões, como o JB. O conselho administrativo do New York Times também anunciou, para os próximos anos, o fim da circulação impressa do diário mais famoso da terra do “Tio Sam”.

Em si, o jornalismo já é uma atividade elitizada. A modalidade cibernética é ainda mais elitizante e excludente, mas minha opinião é de que a Imprensa ainda têm fôlego no atual modelo capitalista. O fim dos jornais impressos só interessa ao capitalismo tecnológico. O povo que mal sabe ler está excluído do acesso ao jornalismo online.

O fechamento de O NORTE e do DB é uma crônica anunciada há mais de uma década. As sucessivas diretorias dos DAs sempre menosprezaram e discriminaram a Paraíba, ao designarem para a gestão dos jornais paraibanos pessoas incompetentes e descompromissadas com a garantia de sustentabilidade econômica e editorial que os matutinos daqui pudessem alcançar. Nós já havíamos feito outros post tratando desse assunto aqui e no blog Direto do Sanhauá.

Fui repórter d’O NORTE entre 91 e 94, diário fundado pelos irmãos Oscar Soares e Orris Eugênio Soares. A decadência do jornal foi muito acelerada depois da gestão da dupla dinâmica Marconi Góes/Teócrito Leal. Nos últimos anos, a intervenção de executivos e editores oriundos de Recife foi sintomática da opção desrespeitosa e pouco inteligente adotada pela matriz corporativa dos DA’s.

Há um passivo trabalhista enorme d’O NORTE e DB com vários jornalistas que passaram por aquelas redações. Se os jornalistas paraibanos fossem uma categoria combativa e ousada, os despejados de O NORTE montariam uma cooperativa e manteriam o jornal centenário circulando.

Mas se os trabalhadores vacilarem, pode ocorrer com os jornalistas dos DA’s o mesmo que ocorreu quando O MOMENTO fechou as portas. Nesse sentido, não dá para confiar no sindicato da categoria, que sempre foi relapso com a defesa dos jornalistas. Um outro desdobramento do fechamento dos jornais é que agora Correio da Paraíba e Jornal da Paraíba vão se digladiar pelo espólio-assinante de O NORTE.

Uma parcela do leitorado de jornais da Paraíba, entretanto, devem não se acostumar com os perfis editoriais dos jornais que permanecem circulando no estado. O Correio se definiu, nos últimos tempos, por um alinhamento editorial pouco neutro em relação ao governo estadual e à prefeitura da capital. Já o JPB conseguiu modernizar sua proposta editorial, mas ainda carrega um indisfarçável ranço corporativo que transformou o jornalismo utilitário que pratica numa espécie de publicidade noticiosa. Quanto ao jornal A UNIÃO, não consegue cumprir seu papel de imprensa pública, e permanece como uma espécie de panfleto de luxo dos governantes de plantão. 

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