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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Demissão no JP

por Paula Brito


Não sei se vocês já estão sabendo, mas hoje, Sony Lacerda(ex-editora de Política) foi demitida no Jornal da Paraíba, sob a alegação de que ela "não se encaixava mais no perfil da empresa". Por outro lado, a ex-repórter de Política, Beth Torres, que pleiteava a vaga de Sony, ouviu da editora-executiva do jornal, Angélica Lúcio, que não ia investir nela e, corajosamente, pediu demissão. Com essa atitude, o JP só comprova o que muita gente do meio já sabe: que eles não têm respeito algum pelos profissionais e que se desfazem deles, sem a menor cerimônia, como se tivessem descartando um objeto, que não tem mais serventia.

Tanto Sony quando Beth faziam um excelente trabalho no jornal, mas elas não foram as únicas vítimas da empresa. Nos últimos anos, vários profissionais foram descartados, sem o minimo de consideração. Aliás, a empresa é especialista em demissões em massa.

Tive o desprazer de trabalhar na sucursal do JP, em Campina Grande, durante dez meses, e pude constatar a forma como eles tratam os seus empregados, principalmente os jornalistas. O assédio moral é uma realidade, tanto na redação de JP como na de CG. Lá, os jornalistas são vigiados 24 horas por câmeras instaladas na redação, o único setor onde as máquinas estão instaladas. Porque será? E o mais lastimável é que existem jornalistas que trabalham na empresa e são do Sindicato dos Jornalistas e, mesmo assim, não fazem nada. Pelo contrário, assistem a tudo, imóveis, passivos, como se tivessem medo de falar, denunciar.

Tenho vergonha de pertencer a uma categoria representada por um grupo de pessoas que mais parece estar do lado dos patrões do que dos empregados.
Sei que emprego não está fácil, ainda mais agora, que o STF decidiu 'cassar' o nosso diploma, mas não concordo que a pessoa se mantenha numa empresa, por medo de ficar desempregada, mesmo sendo humilhada. Porque é isso que acontece: as redações dos jornais estão cheias de profissionais insatisfeitos, que trabalham muito e não são reconhecidos, levam gritos, e escutam, com frequencia, frases do tipo 'Vida de jornalista é assim mesmo' ou 'Tem um monte de gente querendo o seu lugar'. O mais engraçado é que os editores dos jornais esquecem que um dia foram repórteres e que passaram as mesmas dificuldades e angústias. Por que será heim? Ah sim... porque agora eles estão lá no topo, pertinho do chefão, ganhando muito bem e precisam mostrar serviço. E, para isso, sugam a alma, a vida dos pobres repórteres, que têm que se desdobrar para apurar e redigir três matérias em cinco horas e ainda dar conta das matérias especiais. Esse massacre é ainda pior no JP porque eles não querem pagar hora extra.

É por essas e outras, que fiquei com trauma de redação de jornal e, mesmo amando o que faço, não pretendo voltar para uma, pelo menos até ir conseguindo me virar com assessoria.Parabéns a Beth pela atitude corajosa! Que outros jornalistas sigam o exemplo dela. Chega de humilhação! A dignidade vale muito mais do que um salário (diga-se de passagem, muito baixo) ou a vaidade de ter o nome estampando nas páginas do jornal, diariamente. A nossa categoria precisa ter mais consciência e se dar o valor e o respeito que merece. Só assim, começaremos a ser tratados com a considerção que merecemos.

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