Azevedo nunca negou apoio a Lula. Já Veneziano... |
*por Dalmo Oliveira
Há pouco mais de sete meses para o primeiro turno de eleições gerais para a Presidência da República, governadores, senadores e deputados, o Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba continua a dar sinais claros de que pode protagonizar um dos maiores vexames eleitorais e atrapalhar efetivamente a provável vitória, ainda em primeiro turno, do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No sábado, 19, lideranças do partido se reuniram em João Pessoa para referendar apoio da legenda à reeleição do governador João Azevêdo (Cidadania). O evento teria reunido cerca de 70% dos diretorianos petistas, além de referências de peso do partido como o deputado federal Frei Anastácio e estadual Anísio Maia. Um manifesto nesse sentido foi esboçado e já circula entre os demais filiados, com mais de 140 adesões.
Em sentido contrário, o presidente da legenda, Jackson Macêdo e um grupo liderado pelo ex-governador Ricardo Coutinho anunciam apoio à pré-candidatura do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB).
O racha no PT local apenas recrudesce. Macêdo, que, estranhamente, articulou a intervenção da direção nacional no diretório municipal da capital, João Pessoa, continua remando contra a absoluta maioria do diretório estadual.
Dessa forma, o partido não consegue sinalizar de forma coesa, nem para a militância interna, muito menos para o conjunto da sociedade paraibana, o que pretende propor para a governança do Estado paraibano. E mesmo que tudo isso esteja ocorrendo para garantir palanque para a futura candidatura de Lula, fica difícil traduzir a estratégia para os simples mortais.
Explicar, por exemplo, que o partido tenha dúvidas sobre o papel de Veneziano em 17 de abril de 2016, quando, na condição de deputado federal, durante o processo de afastamento (golpe parlamentar) contra a Presidenta Dilma Rousseff. Mesmo tendo o clã Vital do Rêgo acabado de ter sido agraciado com a nomeação de Vitalzinho para o Tribunal de Contas da União (TCU).
Como explicar o partido abrir mão de apoiar um governador em pleno exercício do mandato, bem avaliado pela população paraibana, para se aventurar numa candidatura de um MDB sofrendo de falência múltipla e que jogou no lixo recentemente uma exitosa parceria com o PT no nível federal? É complicado.
Com isso, na Paraíba, o PT poderá obter um fiasco de votação para Lula. Poderá ficar ainda mais de fora da máquina estadual, com novo êxito de Azevedo. Poderá também, por efeito colateral, perder a única cadeira que detém na Assembleia Legislativa.
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*jornalista e ex-diretoriano do PT em João Pessoa.