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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Uma mão suja lava a outra
por Marcela Sitônio*
O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, usou o twitter para desqualificar as opiniões do jornalista Hélder Moura à sua administração. Não satisfeito, foi para uma rádio de João Pessoa, dizer que o colega não pode criticar a Prefeitura Municipal de João Pessoa porque o Sistema Correio da Paraíba, onde o jornalista trabalha, recebe verba de publicidade.
O primeiro equívoco de Agra foi atacar Hermes de Luna no twitter, o confundido com Hélder Moura. Digamos que foi a pressa do prefeito em revidar o “delito de opinião” do colunista, que levou o prefeito a cometer essa “barrigada”, um jargão jornalístico que significa erro de informação.
Depois veio o mais grave. Luciano Agra assumiu, publicamente, sua relação perniciosa com a imprensa, a de usar o dinheiro público para negociar o silêncio dos jornalistas sobre sua administração, exceto se for para elogiar, uma espécie de liberdade vigiada.
Dias atrás, Agra havia comemorado o resultado de pesquisa publicada no Jornal da Paraíba que lhe deu aprovação de 51%, dizendo que a pesquisa tinha credibilidade porque fora contratada por um 'sistema que não milita no nosso esquema'. Ou seja, na cabeça do prefeito, é assim mesmo: calça de veludo ou bunda de fora, quando o erário está sob controle deles. O dinheiro público, ele não tem o menor pudor em dizer, paga a indumentária de quem se alinhar; quem não se curvar, fica com a bunda exposta. De preferência na janela, pra todo mundo passar a mão nela, como diria Gonzaguinha.
O colunista, como é o caso de Hélder Moura, tem um espaço na mídia para dar opinião, produzir textos, não necessariamente noticiosos, pode assumir posicionamentos políticos, criticar, elogiar. Tudo que ele escreve e assina é de sua responsabilidade, inclusive, para responder judicialmente. Portanto, é LIVRE!
A liberdade de expressão é um princípio constitucional. Será que nós, jornalistas e cidadãos, estamos perdendo a capacidade e o direito à indignação, à critica? É lícito vender ou comprar consciência? O contraditório enriquece o debate, só não acrescenta nos regimes ditatoriais porque a intolerância é o que alimenta o Ego de quem está no poder.
Não é segredo para ninguém, a relação de amor e ódio entre imprensa e gestores públicos. Andam de mãos dadas, feitos recém-casados que trocam afagos, beijos, elogios e abraços diariamente, mas a lua de mel acaba quando vêm as críticas.
Estamos vivendo um momento emblemático na Paraíba. Os homens públicos estão se tornando instituições privadas a serviço deles mesmos, como se nada mais pertencesse ao povo, nem mesmo a voz, que querem calar a todo custo.
O prefeito Luciano Agra precisa saber que propaganda institucional não é jornalismo e que verba pública é para divulgar ações e não para censurar jornalistas.
“Quem aplaude a censura hoje, pode ser a vítima de amanhã”. A frase de Mino Carta, diretor da revista Carta Capital, deve servir de reflexão para todos nós, profissionais e empresários da comunicação.
///////////////////////
*Jornalista; presidenta da Associação Paraibana de Imprensa (API).
O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, usou o twitter para desqualificar as opiniões do jornalista Hélder Moura à sua administração. Não satisfeito, foi para uma rádio de João Pessoa, dizer que o colega não pode criticar a Prefeitura Municipal de João Pessoa porque o Sistema Correio da Paraíba, onde o jornalista trabalha, recebe verba de publicidade.
O primeiro equívoco de Agra foi atacar Hermes de Luna no twitter, o confundido com Hélder Moura. Digamos que foi a pressa do prefeito em revidar o “delito de opinião” do colunista, que levou o prefeito a cometer essa “barrigada”, um jargão jornalístico que significa erro de informação.
Depois veio o mais grave. Luciano Agra assumiu, publicamente, sua relação perniciosa com a imprensa, a de usar o dinheiro público para negociar o silêncio dos jornalistas sobre sua administração, exceto se for para elogiar, uma espécie de liberdade vigiada.
Dias atrás, Agra havia comemorado o resultado de pesquisa publicada no Jornal da Paraíba que lhe deu aprovação de 51%, dizendo que a pesquisa tinha credibilidade porque fora contratada por um 'sistema que não milita no nosso esquema'. Ou seja, na cabeça do prefeito, é assim mesmo: calça de veludo ou bunda de fora, quando o erário está sob controle deles. O dinheiro público, ele não tem o menor pudor em dizer, paga a indumentária de quem se alinhar; quem não se curvar, fica com a bunda exposta. De preferência na janela, pra todo mundo passar a mão nela, como diria Gonzaguinha.
O colunista, como é o caso de Hélder Moura, tem um espaço na mídia para dar opinião, produzir textos, não necessariamente noticiosos, pode assumir posicionamentos políticos, criticar, elogiar. Tudo que ele escreve e assina é de sua responsabilidade, inclusive, para responder judicialmente. Portanto, é LIVRE!
A liberdade de expressão é um princípio constitucional. Será que nós, jornalistas e cidadãos, estamos perdendo a capacidade e o direito à indignação, à critica? É lícito vender ou comprar consciência? O contraditório enriquece o debate, só não acrescenta nos regimes ditatoriais porque a intolerância é o que alimenta o Ego de quem está no poder.
Não é segredo para ninguém, a relação de amor e ódio entre imprensa e gestores públicos. Andam de mãos dadas, feitos recém-casados que trocam afagos, beijos, elogios e abraços diariamente, mas a lua de mel acaba quando vêm as críticas.
Estamos vivendo um momento emblemático na Paraíba. Os homens públicos estão se tornando instituições privadas a serviço deles mesmos, como se nada mais pertencesse ao povo, nem mesmo a voz, que querem calar a todo custo.
O prefeito Luciano Agra precisa saber que propaganda institucional não é jornalismo e que verba pública é para divulgar ações e não para censurar jornalistas.
“Quem aplaude a censura hoje, pode ser a vítima de amanhã”. A frase de Mino Carta, diretor da revista Carta Capital, deve servir de reflexão para todos nós, profissionais e empresários da comunicação.
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*Jornalista; presidenta da Associação Paraibana de Imprensa (API).
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